sábado, 19 de março de 2011

Pedir dinheiro é um bom negócio


♪Ei, você aí, me dá um dinheiro aí, me dá um dinheiro aí♪

O povo brasileiro é conhecido, dentre outras coisas, por ser muito solidário. Para os mais eruditos temos o capítulo do livro Raízes do Brasil de Sérgio Buarque de Holanda chamado “O homem cordial” que fala um pouco a respeito disso. Mas enfim, é só um compatriota (ou não) precisar de ajuda e lá está o brasileiro sempre disposto a ajudar.

Pois bem, mas como também é bem típico do brasileiro, têm sempre aqueles espertinhos que querem tirar proveito da boa vontade alheia. Não estou aqui querendo fazer nenhum tipo de denúncia, mas apenas atentar para o fato de pedir dinheiro pode ser algo muito lucrativo.

Vamos para um exemplo prático

É muito comum no Rio de Janeiro o sujeito entrar pela porta de trás do ônibus e se dirigir à parte dianteira do mesmo e começar a proferir um verdadeiro discurso, que geralmente começa com “Eu poderia estar matando, eu poderia estar roubando...”. Um pequeno parêntese: Então quer dizer que se ninguém ajudá-lo ele vai começar a matar e roubar? Dito isso ele começa a contar sua “história triste” que quase sempre passa por algum problema de saúde, desemprego, morte na família, etc. Não pode faltar também o fato de ter filhos para criar e em alguns casos um pai ou mãe doente. E finaliza seu monólogo pedindo 10, 5 centavos.

Como dito anteriormente, o brasileiro, muito solidário não vai dar somente 10, 5 centavos, vai dar uma quantia maior. Vamos supor que o sujeito em questão consiga “arrecadar” 5 reais por ônibus. É claro que ele pode entrar em algum e não conseguir nada, mas no outro pode conseguir 10 reais e aí a média fica em 5. Se ele mantiver essa média em 20 ônibus, por exemplo, ele conseguiu a bagatela de 100 reais! Limpo, sem impostos. E provavelmente ele fará isso num período de tempo relativamente curto. Ou seja, esse cara conseguiu em mais ou menos 2 horas o que um trabalhador “comum” conseguiria em 2 ou 3 dias de trabalho. É ou não é fantástico?

Não estou aqui dizendo que ninguém deva ajudar a quem julga precisar de ajuda e nem vem ao caso aqui imaginar o que fazem com o dinheiro que dão para os pedintes, se realmente ele vai comprar “o leite das crianças”, se vai gastar no bar ou comprar drogas. Mas fato é que pedir dinheiro é um bom negócio.

Eu por via das dúvidas não dou dinheiro. E para aqueles que podem pensar que sou uma pessoa egoísta e insensível, sou mesmo. To brincando, eu ajudo sim, mas sem dar dinheiro. Por exemplo, se estou numa lanchonete e chega uma pessoa pedindo pra eu comprar um lanche pra ela, eu pago, mas dinheiro eu não dou.

O negócio chegou a tal ponto que têm pedintes que nem abrem a boca, entram no ônibus e distribuem um papel relatando sua “história triste” e tentando te convencer a dar dinheiro a ele. Nesse caso eu me pergunto: De onde esse cara tirou dinheiro para fazer a cópia dos papéis? Não era mais fácil ele comprar o que precisava do que ficar tirando cópia? E se ninguém ajudar ele(o que acho muito difícil)? Ele come o papel?

Esta semana presenciei um caso interessante. Um sujeito pedindo dinheiro no metrô, isso mesmo. Não estava muito cheio e por isso o homem conseguiu fazer o que queria. Com o mesmo discurso de sempre disse que estava desempregado e que não podia trabalhar, pois estava doente e que precisava comprar remédios caros, entre eles Diazepam. Mas pera lá, até onde eu sei esse remédio o SUS fornece gratuitamente. Por essas e outras que não dou dinheiro. Mas parece que a história deste homem sensibilizou muita gente, inclusive uma moça que estava próxima a mim, que deu nada mais nada menos do que 10 reais. Repito: não tenho nada a ver com o dinheiro alheio, cada um sabe o que fazer com o seu.

Um outro caso que me recordo bem e se não me engano foi até material de reportagem foi o “mendigo profissional”. O sujeito chegava por volta das 08 da manhã numa certa localidade “a paisana” e depois se travestia de mendigo e pedia dinheiro o dia todo. Às 17 horas ele “acabava o expediente” e saia com a roupa que tinha chegado. Ou seja, trata-se de um “mendigo profissional”.

Gostei dessa profissão, sem patrão e lucro na certa, quem não quer? 

2 comentários:

  1. Eu tinha lido um texto, não me lembro de quem nem onde, mas falava sobre esses moleques que pedem dinheiro em sinais e fazia um cálculo parecido, de acordo com o tempo que um sinal fica aberto x quanto ele ganha em cada sinal, por dia.
    Realmente, é mais fácil pedir dinheiro do que trabalhar.

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  2. Como disse no texto também, trabalhando parte do dinheiro vai pro governo. Pedindo não, é tudo limpo, sem impostos. Sem contar que na maioria dos casos, a pessoa se acomoda e ao invés de procurar emprego continua pedindo dinheiro.

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