Tropa de elite 2 e a Segurança Pública no Rio de Janeiro

Acabei de voltar do cinema. Fui assistir Tropa de Elite 2 e desde já digo que gostei bastante do filme, pois toca em questões importantíssimas que pretendo comentar nesse modesto blog.

Em primeiro lugar, o filme é uma ficção, mas trata da realidade. O filme é chocante também. Logo, penso que a realidade choca as pessoas. E pensando mais profundamente, a realidade realmente é chocante, seja ela no cinema ou não.

Pois bem, a grande questão do filme é sobre a segurança pública no Rio de Janeiro e retrata muito bem essa realidade. Os políticos em geral precisam do "sistema" para sobreviver enquanto tais. Porém, deve-se observar também o papel da população que conscientemente ou não alimenta o sistema. Quando as pessoas pagam o chamado "gatonet" ou "gatovelox" estão ajudando o sistema, assim como os "maconheiros intelectuais de esquerda", nas palavras do filme também fazem isso comprando drogas. Tudo bem que é difícil convencer as pessoas que moram em comunidade a utilizarem a a TV a cabo oficial, que custa em média 200 reais, sendo que o "gatonet" custa 30. Sem contar que a TV a cabo oficial nem chega nestes lugares.

Mas a questão principal é em relação às milícias. Estas de fato são máfia. Por uma suposta proteção, cobram taxas altíssimas por servços, como o gás, a TVa cabo, a internet, etc. Em muitos casos, conseguem a simpatia dos moradores, pois não haverá mais guerra entre traficantes. O grande problema é que os chamados milicianos fazem parte do "sistema" e o pior, estão no topo do mesmo, como bem retratou o filme.

E combater o topo do "sistema" é muito difícil. Primeiro porque os mesmos fazem da comunidade seus "currais eleitorais" e acabam se elegendo sucessivamente e segundo pelo fato que são muitos, podemos até dizer que a maioria dos políticos faz parte do topo do "sistema". Até temos os que estão lá no topo e não fazem parte do "sistema", como o próprio Coronel Nascimento e o Deputado Diogo Fraga, personagens do filme. Entretanto, esses personagens são escassos na vida real. Seria muito bom se tivessemos muitos "coroneis nascimento" e "diogos fraga" no topo do "sistema", mas isso infelizmente é uma realidade distante.

Para os políticos em geral, o "sistema" tem que continuar, pois caso ele acabe, os mesmos não irão mais se eleger. Podemos perceber isso claramente as chamadas UPPs, que também é mais uma engrenagem do "sistema". Sendo simples e direto, estas UPPs nada mais é do que a milícia institucionalizada. E percebemos que as mesmas nesse primeiro momento estão concentradas na Zona Sul do Rio de Janeiro, ou seja, numa das partes mais nobre da cidade. Assim, os bandidos estão migrando para a Zona Norte e/ou Baixada Fluminense e aterrorizam estas regiões. Estes bandidos também procuram outras modalidades de crime, como o arrastão, por exemplo.  Um outro ponto que a mídia em geral não fala é sobre a vida após essas UPPs. Com o tráfico, existia "gatonet" e outros serviços acessíveis e em muitos casos mais barato. E com a UPP? O morador da comunidade tem que pagar TV a cabo oficial? Ele tem condições para isso? Esses são apenas alguns exemplos do outro lado das UPPs. Mas isso faz parte do "sistema", sem isso, a maioria dos políticos vão continuar se elegendo.

Só há duas formas de acabar com o "sistema" na minha visão. Primeiro, o "sistema" acabando por si mesmo. Sendo mais claro, num futuro não muito distante, os bandidos que antes ficavam nas comunidades, agora irão para o chamado "asfalto", coisa que já vemos, como falei acima. Nesse momento, como bem disse a mãe de uma amiga, "o mar vai virar sertão e o sertão vai virar mar", ou seja, guerra total. Outra forma de acabar com o "sistema" é fazer um investimento pesado na educação, fazendo com que os jovens não vão mais para as organizações criminosas. Aliado a isso, investir também no salário dos policiais, tentando evitar que os mesmos busquem outras formas de ganhar dinheiro.

Portanto, tudo isso que disse foi o que me veio a cabeça após ver o filme, espero que os meus poucos porém fiéis seguidores tenham gostado.