quinta-feira, 2 de setembro de 2010

A Crônica do jogo

Ontem fui ao Maracanã!!!
Primeiramente gostaria de esclarecer. Resolvi assistir a algum jogo, independente do time, pelo fato do sexagenário estádio ficar fechado para as obras visando a Copa de 2014, logo se tratava de uma ocasião especial. E ocasiões especiais pedem cadeiras especiais e foi justamente neste setor que decidi que ia me sentar. Em segundo lugar, esse texto não tem por objetivo falar sobre o jogo em si, esquemas táticos, quem foi o melhor, etc. Pretendo falar sobre o outro lado do jogo, uma visão um pouco diferente. Sabendo-se disso, me dirigi a uma das bilheterias do Maracanã por volta das 16:30 para adquirir meu ingresso. Ao chegar lá, apresentei minhas documentações que dão direito à meia entrada e me deparo com a pergunta: “é meia-entrada?”. Após contar até 3(se contasse até 10 seria outra resposta) disse que sim.

Ingresso na mão, fui resolver problemas e finalmente voltei ao mesmo local por volta das 21:30. Já imaginei sair do metrô e encontrar um “mar de gente”(?) na chamada rampa da UERJ. Ledo engano. Acho que o fato de encontrar pouca gente ali mostrou o que seria lá entro. Mas naquele momento achei que as pessoas já estavam dentro do estádio. Aqui vale um parênteses. Até onde sei, nenhum ou poucos clubes faz um investimento para que o torcedor chegue cedo e fique dentro do estádio antes do jogo começar. Alguns até evitam que o torcedor entre no estádio antes, como por exemplo, o Vitória, que só liga as luzes do seu estádio aproximadamente meia-hora antes da partida.

Dito isso, vamos voltar ao jogo. Após tomar informações com policiais, me dirigi até o portão no qual eu deveria entrar. Chegando lá fui abordado por uma policial que aproximou o detector de metais em mim e nada encontrou. Porém ao aproximá-lo de minha mochila, o aparelho apitava constantemente. Calmamente fui retirando os objetos que supostamente poderiam conter metais: óculos, máquina fotográfica, pilhas...e o detector ainda acusava metais dentro de minha mochila. Consegui até arrancar um raro sorriso da agente da lei no momento em que a mesma pegou uma camisinha dentro da minha mochila. Explico: prevenção nunca é demais. Após verificarem que eu não portava nenhuma arma letal me liberaram desejando um bom jogo. Aqui vale um adendo: os policiais foram educados e cordiais, diferentemente de alguns que vemos por aí. Suponho até que a policial que me revistou estava me dando mole.

Depois desse pequeno incômodo necessário, comecei a ver o abismo que há entre assistir a algum jogo no Maracanã na arquibancada dita comum e nas cadeiras especiais. Na arquibancada comum subimos uma rampa, que dependendo da situação já vemos pessoas gritando, nos empurrando, em suma, sem educação nenhuma. Ontem vi o contraste: escadas rolantes e elevadores levam os torcedores até o seu setor. Após a subida dos degraus, adentrei num corredor que levava às ditas cadeiras especiais. No caminho me deparo com uma placa em que estava escrito “Cadeiras Perpétuas”. Nesse momento, convido o leitor a fazer uma reflexão: o que viria a ser “Cadeiras Perpétuas”? Tirem suas próprias conclusões...

Depois dessa breve reflexão, me acomodei no local que achei mais conveniente. Fiz uma ligação e ao finalizá-la já estava na hora do início da partida. Aqui vale algumas considerações: sentei-me num local mais isolado nesse setor, pois queria fugir da confusão e da bagunça. Até que consegui, salvo um menino que estava atrás de mim e a todo o momento esbravejava, clamando palavras de baixo calão. Abstraindo um pouco isso, é digno e destaque uma questão estética: as torcedoras do Fluminense realmente são bonitas. Enquanto o jogo rolava fiquei prestando atenção nestes pontos até que veio o gol do Fluminense, fazendo a torcida vibrar mais ainda.

E assim foi-se o primeiro tempo. Intervalo de jogo vem sempre uma questão: o que fazer? Ir ao banheiro? Comer? Decidi pela última opção e quase me arrependi por contas dos preços absurdos: cachorro-quente 4 reais, refrigerante 4 reais. Enfim, tive que ceder por uma questão de necessidade. Percebi durante o intervalo que muitos torcedores do setor das arquibancadas amarelas a minha esquerda se deslocaram para o setor verde a minha direita. Aqui vale mais uma reflexão: se é permitido trocar de setor durante o jogo, para que se compra por setor na bilheteria? Outra coisa que percebi durante o intervalo: não há nada que entretenha o torcedor. Nenhuma música, dança ou algo do tipo. Vi apenas um senhor que fazia embaixadinhas na lateral do campo. Com todo o respeito a esse senhor, mas se ele está ali pra entreter alguém, está no lugar errado. Ele não entretém nem meu sobrinho de 2 anos! Está mais do que na hora de se pensar em algo sobre isso...

Enquanto pensava nisso, começava o segundo tempo. Permaneci no mesmo lugar e decidi ficar até mais ou menos os 40 minutos de jogo e ir embora para evitar confusões e metrô cheio. Por essa razão não pude ver o gol de empate do Palmeiras. Cheguei ao metrô e esperei uns 2 minutos pelo metrô. Nesse momento, muitos torcedores do Fluminense ali também já estavam. Foi quando vi uma cena deplorável. Um torcedor (se é que pode ser chamado assim) deu um chute na porta do trem por causa de sua revolta pelo fato do Palmeiras ter empatado o jogo. Agora proponho uma última reflexão: o que a porta do metrô tem a ver com o empate do Fluminense? Apesar de eu não ter tido muitos problemas nessa ida ao Maracanã, percebi a enorme discrepância que existe em assistir o jogo na arquibancada comum, onde é praticamente impossível assistir o jogo sentado o tempo todo, e nas cadeiras especiais, onde não me senti incomodado em nenhum momento, salvo o menino e algumas pessoas fumando. Porém isso teve um preço, e caro por sinal.

Em tempo, algumas considerações sobre o jogo: eu achei muito fraco tecnicamente. Palmeiras foi a campo com 3 zagueiros, 515 volantes e apenas um atacante de ofício: Kleber que fez jus ao seu apelido de Gladiador, como luta e briga(no bom sentido) pela bola, prende e protege bem a mesma. O Fluminense tem muita qualidade do meio pra frente, especialmente com Deco, Conca e Emerson. Nesse jogo especificamente, foram os três e o resto. Quanto ao resultado, pensando friamente foi bom para o Palmeiras, pois empatar com o líder e na casa dele é bom. Porém, o Verdão já empatou demais (foi o nono) e não poderia se dar ao luxo de empatar de novo. Já para o Flu foi péssimo. Penso que sendo líder e jogando em casa, tem que ir para cima, agredir (no bom sentido) o adversário. Digno de destaque foi a não-presença da torcida do Flu. Pelo fato de ser a última partida do time no Maracanã, a mesma deveria lotar o estádio, mesmo tendo a capacidade reduzida. Compareceram ao jogo por volta de 13.000 torcedores.

Bem, eis aqui um pequeno relato da minha última ida ao Maracanã antes de seu fechamento. Minha história com o sexagenário estádio é pequena, devo ter ido apenas 3 ou 4 vezes, mas é o suficiente para deixar boas lembranças para mim.

4 comentários:

  1. haha, gostei do relato! Se você fosse preso saberia dizer TUDO que ocorreu! rs

    É, cadeiras especiais são melhores e mais caras. Infelizmente em todos os lugares as pessoas são separadas pelas classes sociais, vc que ficava com os plebeus, dessa vez ficou com a buguersia! rsrsrs
    Abração. ótimo post!!!

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  2. é, lembro do Cazuza: "a burguesia fede, a burguesia quer ficar rica, enquanto ouver burguesia, não vai haver poesia"...

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  3. Ae, Negão, ta podendo hein... só nas especiais...
    Tava na torcida do Flu ou no Parmera?
    abraço
    firmeza o texto!

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  4. do Flu...mas nas especiais o povo é educado...

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